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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Leia e reflita



Somália devastada




Mogadíscio é o centro de um país dominado por piratas e terroristas. Ao norte, porém, a região separatista da Somalilândia é estável e pacífica. Como se explica essa tragédia?

Por Robert Draper
Foto de Pascal Maitre
Somália devastada
Ruínas dão testemunho dos combates que devastaram a capital no início da década de 1990, mergulhando no caos a cidade e o país


Todas as tardes Mohammed vai até o farol. Não se trata de nenhum refúgio óbvio. Erguido quase um século atrás, o farol italiano deixou de ser usado há muitos anos. Parte da escada em espiral já desmoronou. Os aposentos esvaziados cheiram a ranço do mar e urina. Alguns jovens estão sentados de pernas cruzadas no meio do entulho, mascando qat - planta cujas folhas contêm uma substância estimulante -, e passam horas jogando ladu com dados. Outros se reúnem em um canto para fumar haxixe. Eles mais parecem espectros em uma cidade abandonada aos mortos. Seja como for, porém, o farol é um local seguro - se é que algum lugar em Mogadíscio pode ser considerado seguro.


Mohammed, de 18 anos, costuma ir até lá por causa da vista. Do piso mais alto ele contempla as ruínas da vizinhança que frequentava no antes próspero distrito de Hamarweyne. Consegue distinguir os resquícios da antiga embaixada americana, do luxuoso Hotel Uruba, e até a área de Shangaani, que antes fervilhava de mercadores de ouro e empórios de perfume - todos agora arrasados. Uma cabra solitária vagueia pela rua principal enquanto as casas seculares ao redor apodrecem devagar, às vezes soterrando vivas as pessoas que delas tomaram posse. Mohammed também consegue ver, logo aos pés do farol, o trecho de areia onde ele e outros por vezes jogam futebol, assim como as crianças nuas que se agarram a pedaços de isopor enquanto sobem e descem com as ondas. Se quisesse, esse paradoxo cotidiano de vida e destruição poderia servir de alimento a suas elucubrações. Mas na verdade o que gosta mesmo é de fitar, mais ao longe, o imenso tapete calmo que é o oceano Índico. "Passo muito tempo olhando para o mar", conta o jovem, "pois é dele que vem minha comida."

Mohammed é pescador. Toda madrugada, às 5 horas, ele enfrenta o mar com suas redes em um bote. Depois leva ao mercado, em um carrinho de mão, tudo o que conseguiu pescar. Nas manhãs de vento mais favorável, chega a ganhar de 2 a 3 dólares - o suficiente para que ele, seus pais e seus dois irmãos menores não passem fome naquele dia. Anos atrás seu pai ficou incapacitado por uma explosão de morteiro, e Mohammed tornou-se o arrimo da família aos 14 anos. Os 10 dólares mensais que lhe custariam para frequentar a escola estão fora de seu alcance. E, de qualquer modo, todos seus antigos colegas de estudo sumiram. A maioria passou a fazer parte de uma milícia islâmica extremista, a Al-Shabaab, que, neste mais recente capítulo da miséria somali, enfrenta em feroz luta pelo poder o Governo Federal de Transição (GFT), uma precária aliança apoiada pelas Nações Unidas. Para jovens como Mohammed, a Al-Shabaab é uma saída tentadora à situação em que vivem. Por outro lado, também é verdade que muitos de seus companheiros hoje estão mortos.

Mohammed cresceu em um país arruinado. Ele era recém-nascido quando o último presidente da Somália, o carismático ditador Mohamed Siad Barre, foi derrubado, e o país mergulhou em anarquia. Tal como o resto de sua geração, Mohammed não tem ideia do que significa viver numa república estável. No entanto, eles se familizaram com outras coisas. "Fuzis M-16, morteiros, granadas, bazucas - posso distinguir cada um desses só de ouvido", diz ele. 



Continue lendo em:http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-114/somalia-guerra-493988.shtml

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