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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Página 22: Informação para um novo século

Um candidato natural?


Guilherme Leal
Guilherme Leal
Cotado como vice na chapa de Marina Silva (PV-AC) à Presidência da República, o empresário Guilherme Leal, um dos fundadores da Natura, não confirma a sua candidatura, mas já dá a receita para um Brasil do século XXI: investimento maciço em educação, ciência, tecnologia e inovação voltadas para uma economia verde e cada vez mais desmaterializada.  O paralelo que traça entre política e sustentabilidade é muito claro: seja no meio ambiente, seja na gestão da coisa pública, não pode haver desserviços de qualquer natureza.  “O não desperdício de recursos é uma questão crítica para a sustentabilidade.  E um Estado que arrecada 40% da riqueza gerada pelo País também precisa ser eficiente”, compara.
O adolescente sem dinheiro, que se encantou com o Movimento Estudantil, mas logo teve de se enquadrar na dureza do mercado, direcionou os ideais políticos para o trabalho.  Leal entende a Natura como uma empresa politizada, na medida em que sempre “pensou sobre as coisas, expôs suas ideias, e se colocou” – e virou um benchmark da sustentabilidade empresarial.
Mas ele também quer deixar outros legados, daí iniciativas que desenvolve na área de educação e a participação, desde 2008, em um movimento destinado a refletir sobre o Brasil que queremos.  Nesse locus de discussão sobre um projeto de País foi que emergiu o nome de Leal como candidato a vice.  Confirmando ou não, posiciona-se como forte apoiador de Marina, e faz aqui um discurso indignado com os rumos que o País periga tomar, a seu ver, na direção do século XIX.  Com o mesmo vigor de um estudante.
Como o senhor resumiria a sua trajetória desde a participação na fundação da Natura até os projetos que desenvolve hoje? A Natura está fazendo 40 anos e eu vi a Natura nascer.  Os anos 68, 69 foram muito relevantes, com a juventude se manifestando politicamente.  A primeira coisa interessante na minha trajetória pessoal é que eu não vivi os movimentos estudantis.  Sou filho de pais de classe média-média, meu pai era funcionário público e eu vim de uma família que deu escola boa, mas… acabou o dinheiro.  Quando era adolescente, deu para pagar mal e porcamente o Colégio Rio Branco aqui de São Paulo, uma escola privada de boa qualidade.  Depois, eu tinha não só de entrar numa faculdade pública, gratuita, como tinha de me virar para trabalhar.  Era o mais novo de quatro irmãos e vi que, se eles não conseguissem trabalhar, não iam sobreviver.  Então comecei a trabalhar aos 17 anos, foi aí que decidi fazer Administração de Empresas na USP, à noite.  Entrei na FEA em 1969, e era época de AI-5.  Foi quando a faculdade mudou para a Cidade Universitária e o Movimento Estudantil neste momento estava sendo profundamente reprimido.  Então, não tive vida universitária.  Eu a assisti e não me envolvi.
E sentiu falta disso? Foi interessante, porque estudei o Manifesto Comunista, cheguei a discuti-lo, e falava-se de política em casa.  Eu tinha um irmão mais envolvido com o Movimento Estudantil.  Mas fui um certo espectador, e em 1979 mergulhei na experiência da Natura.  Durante os dez primeiros anos de experiência de Natura, eu estava absolutamente decidido a pôr de pé um negócio.
Aí seus ideais foram direcionados para o trabalho? Foram.  Antes de entrar na Natura, eu trabalhei na Fepasa, uma empresa pública, junto com meu sócio Pedro (Passos).  Fiz um esforço muito grande para combater a corrupção que existia em algumas instâncias e para levar eficiência para a empresa.  Fomos demitidos sumariamente depois de quatro anos, e eu não quis continuar em empresa pública, apesar de ter tido convites e oportunidades.  Eu falei: “Não quero ter de ficar ligado a grupos políticos para ganhar uma posição em empresa pública, não é a minha melhor contribuição para a sociedade”.  Apesar de ter filhos pequenos, escolhi a opção de criar uma empresinha de fundo de quintal, que veio a ser a Natura.  Foi uma experiência muito rica, dinâmica, inovadora.  Lidar com o universo feminino para mim era absolutamente novo, lidar com cosmético, venda direta, distribuir para o Brasil inteiro.  Colocar uma empresa de pé foi absolutamente desafiador.  Tanto que, depois de oito anos, tive um infarto, aos 37.  Quando fomos para o divã pensar o que realmente queríamos ser, definimos a nossa percepção, cunhamos e explicitamos de fato as nossas crenças, foi que passamos a entender a vida como um fenômeno relacional, essa questão da interdependência, a empresa como um agente de transformação social, a questão da diversidade como uma riqueza.  Isso foi em 1991, 1992.

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