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domingo, 9 de maio de 2010

Sul da Mata Atlântica resistiu à era do gelo, aponta pesquisa de Rio Claro

De tempos em tempos, a Terra esfria muito e boa parte da água do planeta congela, tornando o clima frio e seco. Esse período glacial, também conhecido como era do gelo alterna épocas quentes e úmidas, como a que vivemos agora, denominadas interglaciais. Os cientistas afirmam que esse movimento é cíclico e vem acontecendo há milhares de anos. Eles acreditam que o congelamento e a seca teriam fragmentado a Mata Atlântica e destruído sua porção mais ao sul, durante a última era do gelo, há 12 mil anos. Essa hipótese, porém, parece improvável diante de uma pesquisa do câmpus de Rio Claro.


O novo estudo, Phylogeography of endemic toads and post-Pliocene persistence of the Brazilian Atlantic Forest, foi publicado na terça-feira (3/5) na revista científica americana Molecular Phylogenetics and Evolution. Maria Tereza Chiarioni Thomé é a autora principal do artigo e doutoranda em Zoologia pelo Instituto de Biociências, câmpus de Rio Claro. A pesquisa encontrou espécies de sapos mais antigas do que o período glacial em áreas remanescentes de Mata Atlântica no Rio Grande do Sul. Segundo a estudiosa, isso indicaria que pode não ter havido fragmentação na Mata Atlântica ou que refúgios significativos conseguiram se manter.

Para chegar a essa conclusão, a estudiosa seguiu os caminhos de uma outra pesquisa, que dizia exatamente o contrário. O trabalho anterior, Stability predicts genetic diversity in the brazilian atlantic forest hotspot, foi realizado por cientistas brasileiros e americanos e seu resultado foi publicado em 2009, na revista Science, dos EUA. O pesquisador Célio Haddad, também do IB, participou daquele estudo coletando anfíbios de norte a sul da Mata Atlântica.

Mais espécies


Em laboratório, os cientistas analisam os genes desses animais e verificam a quantidade de mutações ocorridas. Quanto maior o número de mutações verificadas no material genético, mais antigo é o ancestral daquele animal. Com base nesse tipo de análise, os pesquisadores tinham entendido que a população de pererecas e sapos mais antiga estava na região do sul da Bahia, já reconhecida como uma das que apresentam a maior biodiversidade do planeta. E nos estados do Sul essas espécies eram mais recentes, indicando que o local poderia ter passado por uma recolonização após um período de extinção.

“O problema é que esse estudo só trabalhou com três espécies, um número demasiado pequeno para uma conclusão como esta”, afirma Haddad. Ele coorientou a tese de Maria Tereza, que pesquisou seis linhagens de sapos, recolhidos nas mesmas regiões. Com a ampliação do número de animais, foi possível identificar espécies tão antigas no Sul quanto no Nordeste. “Sabendo que eles estavam ali antes do degelo, garantimos que a floresta também estava de pé, já que esses anfíbios, como outros animais, dependeriam daquela biodiversidade para existir”, explica a pesquisadora.


Em seguida, a cientista empregou modelagens matemáticas, uma série de cálculos estatísticos, para verificar as variações do clima ao longo dos anos. É possível, assim, determinar os lugares que apresentavam, no passado, as condições climáticas que suportariam a mata. Ao cruzar as informações, a pesquisadora concluiu que essas regiões coincidem com os locais em que as linhagens mais antigas foram recolhidas, reafirmando assim que a floresta não havia desaparecido. “Esse cruzamento de informações é uma nova abordagem, que torna estudos sobre refúgios ambientais ainda mais objetivos”, diz Haddad.


Maria Tereza defenderá sua tese no final de 2010. Atualmente, ela se concentra na revisão taxonômica, que define as características exatas das espécies coletadas, incluindo a morfologia. A bióloga realiza estágios periódicos em laboratórios da Universidade de Cornell, em Ithaca, no estado de Nova York, nordeste dos EUA. O orientador do trabalho é o professor João Miguel de Barros Alexandrino, da Unifesp, câmpus de Diadema, que era pesquisador da Unesp no início do doutorado.


Restam 7% de mata


As regiões em que os sapos de antiga linhagem foram encontradas podem ter resistido à era do gelo, mas correm o risco de não sobreviver à degradação ambiental causada pelo homem. Haddad conta que muitos dos locais em que esses anfíbios foram recolhidos não são áreas de preservação ambiental. “O sul da Bahia chega a ter biodiversidade superior à da Amazônia, mas a busca por um desenvolvimento econômico baseado num modelo não-sustentável está destruindo essa riqueza.”

Essa área mantinha uma forte produção de cacau, que convivia bem com a presença do ecossistema, já que o cacaueiro precisa da sombra das árvores mais altas. Nos anos 90, a proliferação da “vassoura de bruxa”, um fungo que destrói as plantações cacauieiras, levou os agricultores a buscar novas culturas ou alternativas industriais. Nos dias de hoje, a região ainda é carente de desenvolvimento econômico, e as propostas nesse sentido, como a criação de portos e estradas, esbarram no perigo de destruição da floresta. Para o pesquisador, o governo deveria investir nos locais, criando reservas ambientais bem protegidas e compensar financeiramente os municípios do entorno, incentivando a preservação.


Originalmente, a Mata Atlântica se estendia de partes do Paraguai e Argentina, percorrendo todo a costa brasileira até o Piauí. Restam apenas 7% de sua formação original e muitas espécies foram extintas antes mesmo de serem conhecidas pela ciência, segundo informações da Ong SOS Mata Atlântica.

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